April 10, 2009

Corpo e Alma – Revista Joyce Pascowitch, Março 2009

Uma senhora* chamada Ana Paula Junqueira foi a personagem da seção Corpo e Alma da revista Joyce Pascowitch de Março. Geralmente, o nome da personalidade da vez vem acompanhado de sua função na sociedade, no mundo. Desta mulher não veio. Ela é apenas Ana Paula Junqueira, sem apresentações. Supostamente, TODOS devem saber quem ela é (filha de quem ela é, e/ou esposa de quem ela é, e amiga de quem ela é).

Pois bem, então não é preciso apresentar. Ela própria faz isso precisamente:

1) diz ser viciada em cremes, sendo seus favoritos o Nívea Creme, preço médio de R$10,00 e o Skin Caviar da La Prairie, preço médio... R$ 2.030,00. Vejamos, se ela tem o privilégio de poder usar um creme que custa mais de dois mil reais e mesmo assim “não abre mão” (palavras dela, ta lá na revista) do creme de dez reais, ela está colocando os dois cremes lado a lado, literalmente, na mesma prateleira. Significa, então, que comprar o creme da La Prairie é queimar dinheiro, certo?

2) ela viaja pelo menos uma vez por semana, entre São Paulo, Nova Iorque, Londres e Paris. Bacana. Essa função que ela exerce deve ser bastante dinâmica. E ela tem seu próprio avião, então “acaba vendo filmes e dormindo bem”. Que bom, já estava me sentindo estafada por ela – e olha que ela nem mencionou o que faz quando o avião pousa (além de dar festas e frequentar academias), o que deve tornar cada uma dessas viagens semanais algo realmente cansativo.

3) sobre fé, ela diz ter “um lado espiritual muito forte: sou adepta da cabala e muito católica – leio a Bíblia todos os dias. Também aprendi a meditar durante viagens à Ásia.” Ler a Bíblia todos os dias significa ser muito católica. Ok. Agora, ser muito católica e adepta da cabala não seriam posições conflitantes? E a meditação tem um quê do Budismo, ou não? Talvez fosse melhor ela ter dito que tem “três lados espirituais muito fortes” ou “um lado tripartite espiritual muito forte”. Deve ser tri-legal, mas só queria entender como funciona.

Esta personagem, se não me falhe a memória, já foi candidata a algum cargo político em São Paulo lá no início dos anos 90 – época que política “estava na moda”, período “cara-pintada”. Quem bom (pra ela, claro) que não foi eleita. Uma carreira política inviabilizaria tantos deslocamentos semanais pelo mundo para realizar suas atividades, que definitivamente, não ficaram claras nas duas páginas da revista ocupadas com ela.

Certas mulheres de bochechas cheinhas ainda não perceberam que o mundo é outro e que elas são figuras com status démodé (tão démodé quanto esta palavra). E a revista Joyce Pascowitch insiste em querer resgatar uma aura que, graças a Deus e ao discernimento das pessoas, não existe mais.

E exotique por exotique, prefiro a Narcisa Tamborindeguy que, pelo menos - voluntaria ou involuntariamente – tem o dom da avacalhação.


*na verdade, nem é tão senhora assim, acho que tem a minha idade, mas os tratamentos de “beleza” que deve fazer estão acrescentando uns bons dez anos a ela, principalmente nas bochechonas.

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